domingo, 17 de março de 2013

MISSIVA AO BISPO


1 Excelentíssimo Senhor Bispo de Alvarenga,
 Por meio desta carta, como o senhor já está ciente das línguas eclesiásticas confirmo que estive realmente conversando com o padre Regis na paróquia Engenho de Cima, na última terça-feira do mês, depois da missa do pãozinho.
Em primeiro lugar gostaria de deixar bem claro que, em nenhum momento, o querido  padre Murtinho da  Matriz esteve envolvido nos enredos maldosos que circularam pela cidade a respeito do p. Regis e a compra de votos para a Santíssima, na Festa de Maio da nossa humilde igreja.

2 Em segundo lugar, infelizmente, não sei o que dizer a respeito das intrigas paroquianas dessa cidade, onde com tédio passamos a maior parte das nossas vidas. No cursilho tenho sempre repetido as palavras do Livro da Sabedoria:

“Guardai-vos da murmuração que nada aproveita, e refreai a língua da detração: porque a palavra secreta não passará em claro e a boca que mente mata a alma.”

É, mas parece que nada adianta com esses nossos paroquianos corrompidos de espírito e corpo.
Excelentíssimo Senhor Bispo, amuada lhe digo que não sei onde se encontra a Verdade. Com certeza, não com essa cursilhista que só ouve queixas e murmúrios e nada que comprove as desgraças que nubla nosso trabalho paroquial. O senhor me pergunta o por quê? 
Humildemente respondo que a natureza humana nunca seguiu por si o caminho da retidão. Está aí a sociedade em crise e, desculpe, também a Igreja com seus valores morais condicionando o futuro da humanidade.

3 Meu juízo mais brando sobre essas reflexões é que vivemos uma era contaminada, principalmente, pela vaidade. E entre elas, a vaidade midiatica, a vaidade de púlpito e a vaidade de cátedra, talvez por isso tanto pecamos e tanto caímos na tentação da carne e do bolso. 
Gostei de conversar com p. Regis, uma pessoa articulada, inteligente, um bom pregador.  Assim como eu, busca a Verdade, tentando fazer da renúncia a sua casta regeneração. Que trilhe seu caminho de privações, amém.
Senhor Bispo conserve o discernimento quando julgar o caso do padre Regis, como se sabe é a sabedoria o grande vapor da virtude de Deus.
Fé e luz para todos nós, que o Senhor de todos os Céus proteja o novo Papa.

Deseja sua cursilhista, 

Zulmira.

* Crônica publicada nos jornais Opinião e A Hora.


Um comentário:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Tu és demais Zulmira.