sexta-feira, 26 de outubro de 2012

DÉBORA NOAL: MÉDICOS SEM FRONTEIRAS


Débora Noal  é de Santa Maria. Cursou Psicologia em Santa Cruz do Sul. Hoje mora em Aracaju. Atua na organização Médicos Sem Fronteiras.

Entrevistada pela jornalista Eliane Brum conta sua historia que arrepia, comove e dá um chute no fígado da gente. Se eu fosse você lia toda a reportagem, pelo menos para desacomodar essa sua vidinha de apego...

“Desde que me formei eu trabalho com violência sexual. Aqui, inclusive, em Sergipe.

Foi um dos motivos de eles terem me chamado para a organização – por ter uma expertise de trabalho com mulheres violentadas.
E é uma coisa que sempre me tocou muito porque, quando você escuta o sofrimento de alguém que vivenciou uma violência sexual, é como se você compartilhasse a história dessa pessoa, e você acaba vivenciando um pouco da história dela. E as histórias são muito doídas.
 Alguém que entra dentro de você é alguém que te invade, te dilacera. Como elas mesmas dizem: “O meu braço, você pode quebrar, ele vai se reconstituir. Mas por você ter entrado dentro de mim, eu nunca vou poder te tirar”. E essa é uma dor muito forte. Então, o meu receio também era de estupro.
Inclusive, pelos estupros serem coletivos, as mulheres têm fístulas depois.

 O canal da vagina e do ânus viram um canal só. Então você não consegue mais conter nem sua própria urina nem suas fezes. Você está andando na rua e sente que sua urina está saindo. É muito triste.
E há ainda a vergonha de ir a um espaço público, por exemplo.
Elas vão ao hospital e não querem sentar na cadeira.
Você diz para elas: pode sentar! “Mas eu não quero...”

 Até eu me dar conta de que elas não se sentavam porque tinham medo de fazer xixi ou de fazer cocô em cima da cadeira, porque elas não conseguem sentir quando vai sair... Uma delas me contou que ficam de um a dois dias sem comer nem beber nada antes de ir a uma consulta, para não fazer xixi nem cocô dentro do hospital, ou dentro da estrutura de saúde. Você imagina o sofrimento de alguém que, a cada vez que tem de ir a um espaço coletivo não pode comer nem beber um ou dois dias antes? É muito sofrimento. Mas é interessante, porque também tem beleza nesse lugar, e também tem riso, também tem desejo de vida. É um negócio impressionante.

A missão tem de ser feita com todos os sentidos: o que você escuta, o que você vê, o que você toca, o que você sente, o que você cheira... “

Leia na íntegra, entrevista aqui:

2 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Nos meus mais de 30 anos na atividade policial lidei com casos de violência sexual. Confesso-me enojado com o que li aqui. Penso que os que se assim se comportam mereciam ser entregues aos afegãos, pois estes praticavam contra soldados russos uma violência que estes cretinos sim merecem. Capturado um soldado russo este era levado ao solo e esticado ao máximo eram amarrados, pés e mãos, em estacas cravadas no solo. Após e antes da degola lhes eram cortados pênis e escroto e enfiados na goela para só então calados serem degolados. Esses cretinos merecem tal. Mulher e homem ou homem e mulher, foram feitos um para o outro. Então por que essa violência?

serjao disse...

Apenas o mundo em que vivemos ou o mundo que ajudamos a construir???? "Virar a cara" ja nao cabe mais!A participacao de todos contra acoes desta natureza e nescessario para erradicarmos estas barbaries. Bendito seja o trabalho desta pessoa tentando amenizar o sofrimento destas mulheres e criancas causados por outros assim chamados de "humanos".Nestes casos, a filosofia "Taliban" ate faz sentido.