segunda-feira, 20 de agosto de 2012

GILLES LIPOVETSKY

 A coisa mais surpreendente das novas mídias sociais é o paradoxo do individualismo.
As pessoas adoram dizer que querem manter sua autonomia e individualidade, mas não é isso que transparece nas redes sociais. Ali, o indivíduo autônomo se revela dependente dos outros e da aceitação alheia.
Por que as pessoas escrevem no Facebook?
Cada um que escreve espera um retorno. Espera que alguém curta sua foto ou espera comentários positivos, espera, enfim, a aprovação dos outros.
Nas redes sociais todos somos exemplares.
Colocamos apenas nossas melhores imagens e exibimos nossas melhores qualidades, justamente porque queremos que as pessoas nos aprovem.
Por outro lado, é preciso ser otimista em relação a essas novas formas de comunicação. 
Muitos críticos afirmam que hoje as pessoas só têm relações virtuais, online, e que não há mais relações reais. Mas isso não é verdade.
As pessoas que estão conectadas também se encontram fisicamente.
Então é claro que a relação virtual não destrói o desejo de ligação física.
Isso é um mito. 

“Tudo no dia a dia depende de uma compra. (...) 
Da última vez que estive em São Paulo o motorista me levava ao hotel, e, no caminho, via as pessoas correndo em academias, em esteiras. 
As pessoas hoje pagam para correr, sendo que antes corríamos de graça. 
Antes, para nadar, íamos aos rios. Agora precisamos pagar para frequentar piscinas. Antes, quando tínhamos problemas pessoais, falávamos com o padre e ele dizia o que fazer. Hoje falamos com o psicólogo.
O gesto mais elementar da vida, que é conversar, pedir conselhos, virou consumo, pagamento.
Fonte: Revista ISTOÉ

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