sábado, 22 de agosto de 2009

SÓ HAMLET SABE...

No krentisier de ontem ninguém queria saber do bigode do mercadante, da morte do sem-terra, do edir macedo ou da yeda toma-que-o-pedágio-é-teu...

Entre uma cuca e outra, as comadres queriam saber se a atleta Semenya era mulher mesmo. Examinaram seios, unhas, pescoço, sobrancelhas, alguém lembrou do nosso time de vôlei do Castelinho onde se jogava de meia de naylon e cílios postiços – anos 70, claro – mas todas ficaram na dúvida.

Solução: corri para o computador e mandei email para 11 homens, entre eles publicitários, jornalistas, advogados e médicos, que são os que realmente sabem das coisas nesse mundo, digamos assim, tão incoerente:



“Na opinião de vocês, a corredora sul-africana Caster Semenya é homem ou mulher?"

Três responderam:
A – Mulher.
B - Acho que é mais homem do que muitos que tão por aí.
C - Bebestes? A tua enquete mais parece coisa das assessoras da Carmen Regina: confete, laquê e abobrinha.
D - Eu não sairia com ela...

Conclusão das comadres: Covardes. Ou não entedem de mulher...

Na verdade, testes de gênero é complicado.


Até 1960, bastava ficar pelado e um médico do Comitê Olímpico conferia.
Hoje não.

Há quatro elementos principais a considerar: anatomia, fisiologia, composição cromossômica e composição genética.

Antigamente, testes de cromossomos analisavam: XX, mulher. XY, homem.

Com a evolução (sic) surgiram indivíduos de genitália feminina, mas com uma apresentação dos cromossomos XY. E descobriram que existe uma condição chamada de Síndrome de insensibilidade androgênica completa, ocorrendo quando uma parte do cromossomo Y não faz o que deveria. Chamaram de gene SRY, que é o instigador do desenvolvimento do feto masculino.

A dor de cabeça do COI é decidir se, nestes casos, a pessoa deve ser considerada uma mulher ou um homem. A resposta surge através de debates, discussão de caso a caso, e muitas análises, mas o Comitê Olímpico chegou à conclusão de que as pessoas que apresentam a síndrome do CAIS devem ser consideradas indivíduos femininos.

A avó de Caster Semenya criou a neta nos cafundós da África e ri da possibilidade dela não ser o que é: mulher. Ora, vão se afumentá... - deve ter pensado.

Ou seja: os amigos pesquisados não teriam como responder a singela enquete se nem o COI sabe o que dizer.

Para a jovem Caster resta o constrangimento, apesar da medalha de ouro nos 800m, e a dúvida: quem sou eu?

Fonte: http://www.bbc.co.uk/blogs/gordonfarquhar/





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