sexta-feira, 22 de maio de 2009

CRÔNICA DO ROBERTO

Na beira do Rio Taquari onde iniciam as ruas Bento Gonçalves e Júlio de Castilhos, existe ainda hoje uma área arborizada, por traz dos edifícios, bares e Pizzaria. Lá por 1960, 61, tudo era um mato de eucaliptos que iam até a divisa com o antigo Lajeado Tênis Clube, onde hoje existe o dancing Magic.

Periodicamente as árvores do Mato dos Ewald eram cortadas rente ao chão, para depois rebrotarem novas árvores. Sempre que estas árvores estavam na meia idade, invadíamos o mato e lá praticávamos uma espécie de Bang Jump caipira.


A brincadeira era subir até onde a extremidade suportava e, com um só golpe, jogando o corpo para o lado, onde não havia obstáculos, descíamos até o chão envergando todo o tronco. O desafio era subir sempre na mais alta e ser admirado por todos como o valentão do grupo. Levo até hoje uma cicatriz na cabeça, quando uma delas quebrou no meio da descida.



Acho que contaminados pela mensagem de Edgar Rice Burroughs, em seus filmes e gibis, o grupo incorporava “Tarzan, o Rei da Floresta” e resolveu fazer duas cabanas.

Uma do lado da Bento e outra do lado da Júlio. Como cada grupo queria apresentar a melhor cabana, aos poucos o centro do mato foi sendo detonado. Quando terminamos, havíamos aberto uma grande clareira, não deixando mais de 2 metros de árvores nas laterais. Um dia, em plena brincadeira, aparece o Seu Ewald para vender o mato e, ao entrar no seu terreno se deparou com aquela clareira... Foi uma debandada geral, correria para tudo que era lado.

A ordem era sair do que restava de mato o mais rápido possível, mas não adiantou nada. Éramos todos da vizinhança, filhos de amigos do seu Ewald.

Lembro que meu pai, o seu Plínio, teve que pagar junto com os demais o mato que faltava, e eu passei alguns dias, em pleno verão, usando calça cumprida para não mostrar os vergões deixados pela surra de relho que levei.


A lembrança dos efeitos das molecagens marca a forma que éramos penalizados, sem dó, sem perdão e imediatamente, não dando tempo para amenidades, pois ainda não existia a figura dos “deixa disto”, “esfria” ou “tá com stress”.

* Comparando com o que ocorre atualmente, a banalidade com que se matam pessoas, o desrespeito, enfim, tudo aquilo que está nos jornais e noticiários, talvez se a moderna psicologia não tivesse eliminado a palmatória, o relho e outros tipos de reprimenda, os problemas de nosso dia a dia seriam mais amenos, inclusive não haveria opiniões tão divergentes como ocorre neste blog, e eu, menos estressado.

Roberto Ruschel

2 comentários:

Anônimo disse...

"...talvez se a moderna psicologia não tivesse eliminado a palmatória, o relho e outros tipos de reprimenda, ..., inclusive não haveria opiniões tão divergentes como ocorre neste blog, e eu, menos estressado."
O que é isso? Mais um defensor da ditadura e da repressão para abafar oponiões divergentes das suas? Já não chega o outro que oefende os outros leitores do blog mas acha que pela idade não pode ser ofendido?

susi disse...

Agora sei a quem o Ricardo puxou...
SUSI