sexta-feira, 15 de maio de 2009

COLÔNIA OU CIDADE?

Seu Erno Dörr está inconformado.
Disseram que sua terra não é mais colônia.
É cidade.
Faz tempo isso: “No tempo do Schumacher”.
Tenho pena do seu Erno...
Na sua faixinha de terra plantou “arroz de sequeiro”.
Ele e a mulher colheram seis sacas. À canivete. Juro. Juro que ele disse isso.
Mostrou o arroz e explicou que essa qualidade não se encontra nos mercados:
“É um arroz melhor, com mais cálcio.”
É o arroz que sua família come no almoço.
Pelo menos isso, pensei enquanto me interessava por uma espiga de milho que deve servir de ração para cinco ou seis vacas leiteiras.
“O leite sempre é um bom investimento.” Quem disse?
Ele ouviu Harry Loefler no Programa “Escuta Vovó” da Radio Independente.
Olho para o verde, olho para a terra vermelha. Se caminhar mais ligeiro levanta poeira.


A ARENA (sic...) alongou a Benjamim Constant, cortou parte do Jardim Botânico, área que foi doada ao município pela família Spohr. No final, três quilômetros depois, a Benjamim bifurca e você escolhe seguir até Forquetinha ou Santa Clara.

Está tudo loteado. Terrenos por 30 mil. Até menos. E muita árvore derrubada para que a “avenida” se estenda colônia a fora.
A Secretária do Meio Ambiente, Simone Schneider, explica que os loteamentos do lado direito foram licenciados pela FEPAM. Os loteamentos do lado esquerdo, que pediram licenciamento, foram negados pela sua secretaria:

“Existe ali uma reserva, um bioma da Mata Atlântica, em estado de regeneração. Não é bem assim como todos falam. Existem leis.”


É verdade. Existem leis e existem falcatruas. Um Promotor que tenha olhos para o Meio Ambiente não deixaria isso acontecer, como fizeram com a Praça Mario Lampert...

Num empreendimento progressista destes, muitos lucram: imobiliárias & picaretas, arquitetos, construtores, lojas de material de construção, pavimentadoras, governo, claro! No fim esse tira o seu quinhão e todo um trabalho de preservação vai para o saco.

Muitos lucram, menos o seu Erno Dörr que viveu toda sua vida por ali.
Disse que gostaria que a Certel providenciasse “uma torre de internet” para que a filha, aluna da Univates, possa estudar no computador em casa.
A filha, o filho do sapateiro e outros jovens da região.





3 comentários:

Micro Mna disse...

"...30.000 MIL, OU ATÉ MENOS..."???

Tua achas isto pouco? Quanto tempo um trabalhador do comércio em Lajeado leva para poder juntar R$ 30.000,00? Para a especulação imobiliária oficial cada terreno deste deve custar uns 10% deste valor.

Agora a Laura enveredou a escrever para os donos de imobiliária, fazendo propaganda subliminar, como se fosse fácil juntar R$ 30.000,00.

E SEM A CASA dona Laura!!! Se tiver só o dinheiro é mehor comprar e deixar o mato crescer e ir morar lá o meio. Prá construir um bangalô por menos de outros R$ 30.000,00 nem pensar!!!

Anônimo disse...

30 mil ?
Bem capaz..
hahaha...
Tem petróleo nesse loteamento tbm ?
Pq no resto dos terrenos de lajeado tem , pois pagar 100 mil e até 400 num terreno só pq é centro de um vale q se diz rico mas é chulezento total de grana , só tendo petróleo embaixo..
Tão desmatando o que vem pela frente , depois não chove e o litro de leite vai a 2 e 50 e nos vem os idiotas reclamarem que tá caro viver..
Pagam 550 pila de salário prá maioria e querem vender terreno como se os vencimentos fosse 5.500..
Espera até o fim do ano e veremos as devoluções por falta de pagamento.aliás já tá assim , só que ninguém divulga..
Quem entra na Caixa hoje prá fazer empréstimo, cruza sempre com os que saem após renegociar pela terceira ou quarta vez as dívidas que só aumentam..
Mas parece tudo indo muito bem pelas notícias que se lê...
Povo trouxa mesmo !

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Lady Laura poucas são as cidades que não tem sérios problemas fundiários. Pelo fato de que prefeitos, via de regra, e seus assessores ou são coniventes pelo interesse pessoal ou despreparados para a função e por isto loteamentos são implantados de forma desordena e maliciosa. Resulta daí que os que compram se ferram, pois aquilo que deveria ser feito não o é. Abrem ruas, demarcam os lotes, tomam a grana e adeus babacas. Em 90 fui trabalhar em Igrejinha. O Prefeito era o Roberto Argenta, dono do Calçados Beira Rio e como tal não necessitava da Prefeitura como forma de sustento. Um dia convidou-me para conversar e me apresentou enorme lista de loteamentos, alguns até de seus amigos e correligionários, pedindo que fizesse uma limpa. Então lhe perguntei por que e a reposta foi esta. Não quero que façam com minha cidade o que fizeram com Parobé, onde implantam loteamentos, pegam o dinheiro e abrem fora. (não foram exatamente estas as palavras dele, mas este foi o sentido). Resultado final foi que alguns foram condenados por crime contra a administração publica, incursos no artigo 50 da Lei Federal 6766/79. Lembro que um conhecido ao ser pregressado disse-me: “Doutor isto não vai dar em nada”. Minha resposta foi: vai dar sim, o inquérito está sendo bem elaborado e a prova é robusta. Um a vez condenados, este advogado apelou até os tribunais superiores e perdeu em todas as instâncias. Três anos depois o encontrei dando consultas gratuitas aos pobres de Taquara no Foro as segundas pela manhã. Sua pena de uma ano foi convertida em trabalho comunitário e ”trabalhou” exatamente um ano naquele Foro sob os olhos do magistrado. Lá cumpriu sua pena, pois lá residia. E ainda passou por generosos. É tão sem vergonha que quando vou a Taquara e passa por mim na rua me cumprimenta.Resumo da ópera: ou são corruptos ou incompetentes, eles os Prefeitos.