sábado, 17 de janeiro de 2009

CRÔNICA DO ROBERTO

O ACIDENTE

Roberto Ruschel

Uma tarde fomos em turma para a tradicional aventura no engenho: Zé Maria, os irmãos Ma e Mia, os gêmeos Odon e Odilon e outros.

Como sempre, enquanto quatros moleques tracionavam, outros dois faziam o looping no interior da roda e assim nos revezávamos.

Ocorre que no eixo que ficava sobre a rocha, estava pregado ao seu tronco, um cravo de cabeça afiada, que girava junto a poucos centímetros da rocha e já havia beliscado o pé de alguns, mas nada grave.


Mas, naquele dia a coisa foi feia.
Misturado ao barulho da roda que girava freneticamente, ecoa um grito no mato e sai um dos moleques urrando de dor, pulando num pé só e gritando; “ai meu dedo, ai meu dedo”.

Tentando entender o que havia acontecido, o grupo saiu correndo atrás do amigo, que corria em direção a sua casa. Volta e meia parava e olhava para pé, mas não via nada, apenas a extremidade ensangüentada.
Berrando chegou até sua casa, mas sua mãe não se encontrava.

O moleque levou o pé para lavar no tanque, quando chegou o irmão mais velho que logo providenciou gelo para colocar no ferimento.


Finalmente aparece o estrago.
Sem anestesia alguma seu dedo minguinho tinha sido decepado.
O irmão do nosso amigo, apavorado, correu até o Clube dos 15, onde seu pai jogava a tradicional carpeta com os amigos.

Imediatamente chega em casa, olha o acontecido e embarcam no táxi do seu Pacheco rumo ao Hospital.

Lá chegando é examinado pelo Dr. Fleischhut, que sugere tirar um pouco de tecido das nádegas para o enxerto. Passa um filme na cabeça do moleque... Imagina a gozação dos amigos sobre ter um pedaço da região glútea no pé?

Não, não, não mesmo e não teve jeito.
A solução foi tentar suturar com os pedaços de pele que sobrara, pendurada no local. Enquanto isto Zé Maria e os gêmeos chegavam à casa do amigo trazendo o dedo.

A mãe do moleque, já em casa e inteirada do acontecido, dá um corridão nos três.
Dias depois, o grupo de amigos, com mais alguns penetras, fazem uma pequena cerimônia solene, enterrando o fragmento já putrefato.


* Continua no próximo sábado





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