sábado, 10 de janeiro de 2009

CRÔNICA DO ROBERTO

O ENGENHO

Roberto Ruschel

Estávamos no início da década de 60, idade de nossa pré-adolescência. Enquanto chegava ao Brasil a irreverência musical dos Beatles e Rolling Stones, nós aqui ensaiávamos vôos solo além do centro da cidade.

Um deles era chegar à rua Tiradentes - esquina com nossa menor rua, a Arno Leidner, que na época não existia - e apreciar um mini-parque movido por água, construído pelo Schlabitz.

Seguindo um pouco mais, alcançávamos a Lagoa do Engenho, onde tomávamos banho na época de suas águas cristalinas.

Certo dia, resolvemos desbravar o prédio do Engenho.

Após uma rápida vistoria, descobrimos ao abrir uma pequena comporta, que a grande roda sustentada pelo eixo de uma vigorosa tora de madeira, ainda girava pela força motriz da água.


Uma extremidade do eixo adentrava no prédio, e a outra numa fenda talhada na rocha do barranco. Chamou-nos a atenção que todos os pregos eram do tipo cravo, que se usava para prender ferradura no casco dos cavalos, mas bem maiores. Suas cabeças sem acabamento, quando expostas, um perigo se tocados sem o devido cuidado.
Logo inventamos um brinquedo...
E a roda passou a ser o grande desafio para os mais corajosos.

Enquanto uns ficavam tracionando manualmente, outros dentro da roda corriam no sentido contrário, ajudando na tração, mas procurando permanecer na base. Ao se atingir determinada velocidade, paravam de correr, se seguravam num dos raios, executando um fantástico looping. Ficávamos de pernas pro ar e de cabeça para baixo: pura adrenalina na nossa montanha russa.

Tempos desafiadores aqueles...


* Continua no próximo sábado

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